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ACESSO GALERIA: um ano, encontros e descobertas

Atualizado: 8 de mai. de 2021





Em dezembro de 2018 eu decidi fazer uma missão de resgate: fazer uma intervenção urbana concebida e produzida por mim. Pra resgatar a mim mesma.


Assim, surgiu ACESSO GALERIA. Uma intervenção envolvendo fotografia e instalação sobre o Minhocão, no centro da cidade de São Paulo.


Enquanto eu fazia a instalação, ao lado da minha parceira de sempre Mari Sanhudo, eu ouvi uma pessoa perguntando: “Qual o conceito?”. Eu olhei, e era um homem com cerca de 40 anos, e respondi: “Eu quero subir com as colunas pra cima do Minhocão”. Ele se sentou e conversamos um pouco. Disse ser um professor de história da arte e eu contei o que queria artisticamente com essa intervenção. Então, ele disse: “E você é artista visual...”


Era uma pergunta/afirmação - eu estanquei por uma fração de segundos. Foi a primeira vez que eu comecei a associar o meu trabalho a esse nome... Artista Visual... será? Que responsabilidade... Será que eu banco isso?


Mas eu estou na rua fazendo uma instalação, certo? Porque eu quis, precisava me provar, experimentar uma criação na cidade sem estar atrelada, dependente e escondida atrás de um nome de grupo ou pessoas pra começar a me entender...entender o que gosto de criar, como eu gosto de proceder nas minhas criações e eu consigo materializar como criação, certo? Eu pedi, produzi e me ofereci pra arte e pra cidade...



Mais adiante, um outro senhor nos abordou, já afirmando: “A minha esposa estava perguntando o que era isso e eu falei pra ela ‘isso é um trabalho de arte contemporânea que elas estão fazendo’ ”. Bom... mais um afirmando.


Metros à frente, outro casal nos parou e perguntou: "esse trabalho é o que? É pra divulgar o Minhocão? Conversamos um pouco. Foi bom.


Depois vieram uma mulher com o filho, ainda criança, e ela disse: “O meu filho está desde lá de baixo conferindo todos os desenhos que ele conhece. Ele lembra de quase todos os desenhos que estão lá embaixo”.


Na sequência, um rapaz nos parou, perguntou sobre o trabalho e, a partir dele, tivemos uma boa conversa sobre a situação das pessoas que moram embaixo do Minhocão. Como elas também fazem parte do lugar e são, muitas vezes, desconsideradas como moradores da região.


Depois de quatro horas instalando 146 setas e fotos das 73 colunas do Minhocão, voltamos por cima vendo a extensão do trabalho. A nossa surpresa foi ver, em determinado ponto, algumas setas/fotos trocadas de lugar, em conjunto – pares, trios – de frente, de lado, formando outros desenhos. Quem trabalha com intervenção urbana vai entender: a melhor coisa de uma intervenção acontece quando as pessoas se apropriam. Quando elas mudam o seu trabalho e você não é mais dona dele.


Foi o primeiro ‘trabalho solo’ que começou sendo abordado por um especialista, passou por pessoas que fizeram suas interpretações, perguntaram, uma criança reagiu... Nos encontramos por meio de uma proposta estética. Ela me deu fôlego pra construir um ano de 2019 com mais coragem e respeito ao que eu quero criar.


Se sou ou era Artista Visual em 2018? Sim! Também!


Vamos expandir essa criatura.



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